
Aonde o pouco é muito.
Pergunto-me o que é o tão falado filme independente, ou alternativo, designação que considero ainda mais ambígua. Basicamente, são todos aqueles que quebram os convencionalismos ditados por uma indústria em clara tomada de poder. São aqueles que ainda fazem alguma justiça às mentes sedentas de imaginação que criaram o cinema e, claro, os filmes. Então será que podemos comparar filmes independentes, ou podemos até dizer que este filme está mais dentro do género independente do que o outro? Eu creio que não. Há obviamente obras que tentam passar por filmes independente apenas para angariar um público que à partida não seria o seu, mas esse não é o caso de Mutual Appreciation, que é do que vos vou falar em seguida.
Na minha modesta opinião, o cinema independente é o amor à arte, o pouco cinema que ainda é feito, por oposição ao mercado americano e a mais alguns, que não está realmente preocupado em chegar ao topo do box-office e, sinceramente, até prefere que isso não aconteça. Sim, ainda há quem faça cinema pelo gosto. Apenas e só porque nada dá mais gozo do que criar uma história e vê-la crescer na nossa cabeça, para mais tarde ganhar vida no ecrã.
É isto Mutual Appreciation. Não pretende ser nada mais do que um filme de autor divertido. E consegue-o na perfeição. A química dos 3 protagonistas, resultante da amizade na vida real, consegue sentir-se e dá uma luz especial ao filme. É portanto uma obra que toca, não no sentido de nos comover, mas no sentido em que nos identificamos com os seus personagens, com as suas acções e, especialmente, com as suas absurdidades.
Andrew Bujalski constrói uma história de 3 jovens nos vinte e poucos anos, que ainda estão na fase em que não são bem crianças nem adultos responsáveis. Uma comédia sobre a descoberta de um rumo, mantendo-nos apoiados nas pessoas que são como nós, que nos percebem. Aqueles que partilham connosco os sonhos mais loucos e as confidências mais embaraçosas. Aqueles que queremos manter ao nosso lado sempre que possível.
Finalmente um grande destaque para Justin Rice, um actor desconhecido mas cheio de talento. Rice emana uma aura natural de boa disposição e tem um timming cómico perfeito. 
A minha classificação é de 8/10
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